René Magritte
Entreaberta, uma porta.
A quem busca essa luz?
Fluente o claro-escuro.
Transparece e foge
- Para quem o silêncio? -
Um âmbito de clausura.
Chama, talvez promete
A incógnita. Vislumbres.
Pra que sol tal repouso?
E o trajeto propõe.
Dirige por um ar
Vazio e persuasivo.
Interior. As paredes
Enquadram bem a incógnita.
Aqui? Nogal, cristal.
Um silêncio se isola.
Familiar, muito urbano?
Cheira a uma rosa diária.
Porta fechada: longe.
Esta luz é destino?
Então, face a face...
Jorge Guillén (1950)
Tradução. Dora Ferreira da Silva