sábado, novembro 05, 2011

Uma Porta

René Magritte














Entreaberta, uma porta.
A quem busca essa luz?
Fluente o claro-escuro.

Transparece e foge
- Para quem o silêncio? -
Um âmbito de clausura.

Chama, talvez promete
A incógnita. Vislumbres.
Pra que sol tal repouso?

E o trajeto propõe.
Dirige por um ar
Vazio e persuasivo.

Interior. As paredes
Enquadram bem a incógnita.
Aqui? Nogal, cristal.

Um silêncio se isola.
Familiar, muito urbano?
Cheira a uma rosa diária.

Porta fechada: longe.
Esta luz é destino?
Então, face a face...


Jorge Guillén (1950)
Tradução. Dora Ferreira da Silva