Ninguém compreendia o perfume
da magnólia do teu ventre
Ninguém sabia que martirizavas
um colibri de amor entre teus dentes
Mil corcéis persas sobre tua fronte,
praça ao luar, dormiam sono leve,
enquanto eu enlaçava quatro noites
tua cintura ardente, oposta à neve.
E teu olhar, entre jasmins e gesso,
era um pálido ramo de sementes.
Eu busquei, para dar-te por meu peito
as letras de marfim que dizem sempre.
Sempre, sempre: jardim da minha angústia,
teu corpo fugitivo para sempre,
teu sangue em minha boca, tua boca
já sem luz para minha morte à frente.
'Gazel do Amor Imprevisto'
Tradução. Afonso Félix de Sousa