Munch
HOJE, QUE DIRÁS TU
Hoje, que dirás tu, pobre alma abandonada,
Que dirás, coração outrora murcho e triste,
À muito bela, à muito boa, à muito amada,
A cujo olhar divino agora refloriste?
- Faremos decantar-lhe os dons nossa arrogância:
Nada iguala o dulçor da sua autoridade;
À carne espiritual deu-lhe um anjo a fragância,
E seus olhos nos vêm vestir de claridade.
Seja dentro da noite em plena solitude,
Seja na rua em meio à turbamulta rude,
O seu fantasma no ar dança como uma flama.
Às vezes diz: "Sou bela, e ordeno como dona:
Pelo amor que me tens ao Belo apenas ama.
Sou anjo tutelar, sou Musa e sou Madona."
Tradução.Guilherme de Almeida