quisera teu riso
esmigalhar com minhas mãos
tuas máculas
vislumbrar oásis
no que simulavas deserto
beber os teus olhos
quisera tocar tua dor
com a delicadeza do fabricante
de barcos de papel
com a transparência e leveza
das borboletas de gaze
feitas por mãos que já não ferem
quisera desfolhar teus lábios em outonos
repousar teus pés em água morna
mergulhar teus olhos nos meus ombros
embalar teu sono à sombra das bétulas
os meus olhos
ainda não me viram desbotar teu preto
(do meu 'Livro dos Ventos')