sexta-feira, outubro 28, 2011

Poema para as vozes da Ilha

Odilon Redon

















da faca dizes que negue o corte
do mar que afie seus metais
na geometria do peixe

o mar ouve tua voz
canto que anuncia o branco às velas
e os mastros obedientes
à rota do vento saudoso da terra
o mar ouve
o metal dos metais dos sinos
timbre e som de asa
pássaro-voo de garça
nascido do vento que te deseja terra

o mar
em teu nome
silencia
o metal de estrela em estrela marinha
que todo brilho diga da faca
o peixe em sua geometria

o mar
em teu nome
dissolve o metal em suas águas
onde cavalos marinhos são em lua e prata
lua que agora é branco e branco de ágata
branco de espuma que se deita na terra
tua praia

o mar
sabe do medo
dos metais nervos e veias
que te fazem sangue e terra
o mar
ilha de um pássaro pousado
diz do sol
que traga lume novo à tua casa

o mar
em teu nome
pequena Ilha pátria
banha verde as ramas
traz o cheiro das algas
pelo vento na maresia

o mar
é teu verbo
tempo humano do que não se adia

(do meu 'Livro dos Ventos')