Jorge Moreira
(a Baudelaire)
faltaram cores para tingir a noite
não soprar o vento retinha as nuvens e a tarde
o branco do céu se liquefizera
versos se marmorizaram em leito de rio
a cada prenúncio de amor noite adiada
a musa esculpida em luz
lacustre lampejo d’aurora
perdera-se no vitral do dia
o sol afogara-se na mudez dos olhos
adoecera a musa emagrecendo as horas o sono e a calma
a noite ladeando a borda da íris
sangrara nos dedos-dardos do poeta insone
(do meu 'Livro dos Ventos')