terça-feira, agosto 14, 2012

Blusa Amarela - Maiakóvski

















Do veludo de minha voz
Umas calças pretas mandarei fazer.
Farei uma blusa amarela
De três metros de entardecer.
E numa Nevski mundial com passo pachola
Todo dia irei flamar qual D.Juan frajola

Deixai gritar amolengada de sono:
“Vais violar as primaveras verdejantes!”
Rio-me, petulante, e desafio o sol!
“Gosto de me pavonear pelo asfalto brilhante!”

Talvez seja porque o céu está tão celestial
E a terra engalanada tornou-se minha amante
Que lhes ofereço versos alegres como um carnaval
Agudos e necessários como um estilete pros dentes.
Mulheres que amais minha carcaça gigante
E tu, que fraternalmente me olha, donzela.
Atirai vossos sorrisos ao poeta
Que, como flores, eu os coserei
À minha blusa amarela

Tradução. Emílio Carrera Guerra