domingo, abril 29, 2012

Um Poema de António Maria Lisboa










 







As formas, as sombras, a luz descobre a noite
e um pequeno pássaro 

e depois longo tempo eu te perdi de vista
meus braços são dois espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de vento

e depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaços

 a tua figura era o que me lembro
da cor do jardim

 *

António Maria Lisboa
Transcrito do Livro " A única real tradição viva,
antologia da poesia surrealista portuguesa "
organizada, anotada e prefaciada
por Perfecto E. Cuadrado ( Assirio & Alvim ).