Eis uma obra daquelas que nos deixam mais petrificados do que a própria estátua. O orgasmo nada metafísico de uma santa, Teresa D´Ávila, um desses casos que a Igreja tem mais a silenciar... que a revelar. O êxtase divino, uma espécie de revelação sensual, é aqui representado com uma imanência pouco comum em uma obra sacra. Ainda que se trate de Santa Teresa, posto ter sido santa por sua entrega quase carnal ao Cristo de suas fantasias. Mas ainda assim é de espantar que, esculpida para uma igreja, até hoje seja um templo cristão o museu que a conserva: a Igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma. De espantar, em verdade, não. A obra é magnífica e, lembremos o 'Cântico dos Cânticos', há sempre uma justificativa teológica para o amor. Este livro bíblico é curioso por não mencionar uma única vez a palavra Deus. Mesmo assim os exegetas o interpretam como uma prova do amor entre um homem e uma mulher de acordo com a vontade deste Deus assexuado dos cristãos.
Em "O Êxtase de Santa Teresa", a começar pela figura dúbia do anjo - que é, pelo menos iconograficamente, o cupido da tradição pagã, com direito à flecha e um riso embevecido e sedutor - o que transpira é a sensualidade declarada. Não é uma contemplação, é um orgasmo. A entrega e o desfalecimento do corpo após a cópula. Santa Teresa goza observada e levada pela figura alada deste anjo-cupido, que, sutilmente, levanta o 'hábito' de uma Teresa prostrada. A única presença divina pode ser entrevista pelos raios dourados que caem sobre as duas figuras. Espantoso, belo. Uma obra que merece ser contemplada.
Em "O Êxtase de Santa Teresa", a começar pela figura dúbia do anjo - que é, pelo menos iconograficamente, o cupido da tradição pagã, com direito à flecha e um riso embevecido e sedutor - o que transpira é a sensualidade declarada. Não é uma contemplação, é um orgasmo. A entrega e o desfalecimento do corpo após a cópula. Santa Teresa goza observada e levada pela figura alada deste anjo-cupido, que, sutilmente, levanta o 'hábito' de uma Teresa prostrada. A única presença divina pode ser entrevista pelos raios dourados que caem sobre as duas figuras. Espantoso, belo. Uma obra que merece ser contemplada.