quinta-feira, novembro 10, 2011

O vento vivendo na casa

René Magritte


vento e mar talharam-se no meu corpo
cessar tua estação em mim foi impossível 

sorvi o sumo que sopra nos ares a maresia
roubando-te estrelas marinhas para emprestar à noite
siderei-me no teu céu sem vestes
tingindo-me azul têmpora tronco e membro

colhi versos nos teus olhos
coisa pássara
pousados nos girassóis
violinos deitaram adágio sobre a terra de ti
casa de sementes imersas
lírio
e orvalho

(do meu  'Livro dos Ventos')