Matisse
O mundo faz-se do olhar
espaços sugeridos pela diagonal
planos sem volume
dissolvem-se na memória
As mãos lentamente
erguem a escritura das ondas
O olhar afoga-se
por entre o anil do céu
e o musgo das árvores
compõe-se o quadro dos amantes
navega-se sobre as águas do ar
plumas semeadas de olhos
O navio alça-se pássaro
lança-se em águas etéreas
a âncora faz-se ânfora
os corpos entrelaçam-se
na trilogia do sonoro do diáfano do móbil
na ânsia do toque
os olhos
mergulha-os no aquário
com peixes vermelhos
( do meu 'Livro dos Ventos' )